2018 foi um ano positivo para o Boavista, de fortalecimento dos pilares da sustentabilidade do clube na primeira liga, ou melhor dizendo, de crescimento sustentado.
A minha opinião pode, no entanto, não ser partilhada por muitos Boavisteiros, uma vez que assenta sobre uma realidade sobejamente conhecida mas frequentemente esquecida por todos: a debilidade económica e financeira do Boavista.
Para o adepto comum, a evolução do clube ver-se-ia essencialmente na qualidade dos jogadores contratados, na classificação do clube, na comunicação ou no merchandising do clube.
Na minha opinião, a evolução do clube vê-se essencialmente na capacidade de aproximação a uma situação de viabilidade económica e financeira.
O clube (de forma simplista agrego clube e SAD), tal e qual como estava, tinha que assegurar a sua sobrevivência acima de tudo, e isso, por si só, tratava-se de um desafio desmedido.
Não me interpretem mal, todas as anteriores componentes são muito importantes no crescimento de um clube, no entanto, caso não resolvêssemos definitivamente a nossa situação financeira, de nada adiantaria o sucesso desportivo obtido, faliríamos.
O Boavista viu-se então no meio de uma autêntica cruzada na sua gestão ao longo destes anos: por um lado, teria que continuar a cumprir com todos os seus compromissos presentes e passados, viabilizando a inscrição da equipa em cada janela de transferências, permitindo garantir a sua sobrevivência; por outro lado, teria que reforçar a sua equipa de forma a garantir a permanência na primeira divisão, uma vez que uma despromoção conduziria, inevitavelmente, à extinção do clube.
Paralelamente, os adeptos exigiam um “crescimento visível”, indicavam as falhas de funcionamento (na sua maioria do evidente conhecimento da direcção) e aumentavam o seu descontentamento com a direcção de dia para dia...
Nesta matéria, nada há a apontar aos adeptos. Os adeptos, em geral, não têm que ser conhecedores da plena realidade do clube e não têm que ser sensíveis a matérias financeiras. Não é essa a natureza do adepto. Ainda para mais num clube com a exigência do Boavista.
Talvez aqui o clube tenha falhado e não tenha sido capaz de comunicar de forma mais eficaz com os seus adeptos. Este é, sob o meu ponto de vista, o ponto negativo do ano de 2018 (e dos anteriores).
Um trabalho dificílimo portanto.
Assim, fruto de um trabalho amplamente austero ao longo destes anos, conseguiram-se criar condições de sustentabilidade para o clube, pelo facto de simultaneamente se ter conseguido reduzir - relativamente - o passivo e ter-se conseguido negociar a liquidação deste mesmo passivo (da SAD) no PER em condições francamente positivas.
A partir de Novembro de 2018, a SAD do Boavista tornou-se viável financeiramente, apetecível para a entrada de novos investidores, e essa para mim é a melhor notícia do ano.
Não quero com isto dizer que os constrangimentos financeiros do clube tenham desaparecido, porque evidentemente não desapareceram e continuam a ser imensos, mas só o facto de termos criado condições de sustentabilidade na SAD já nos permite encarar o futuro com maior optimismo.
Simultaneamente a equipa de futebol foi crescendo qualitativamente e isso reproduziu-se também na classificação final da época transacta: melhor classificação (oitavo) e maior número de pontos (45) desde o regresso à primeira liga.
Fazendo um pouco de “flashforward” até Dezembro de 2018, tivemos eleições no Boavista. Saiu o Dr. João Loureiro (passou para a Presidência do Conselho Geral) e o Dr. Vítor Murta, anterior Presidente Adjunto, passou a Presidente da Direcção. Esta é também uma notícia que marca o ano de 2018, visto que se trata do epílogo da família Loureiro no comando do Boavista.
O Dr. Vítor Murta tem tudo para reunir consenso entre os adeptos Boavisteiros, uma vez que pode agregar o melhor dos dois mundos: é conhecedor das adversidades que o clube atravessa e por isso colhe a simpatia dos mais apreensivos (onde eu me incluo), e trata-se de um rosto novo que tentará gradualmente implementar as suas mudanças para o clube, agradando dessa forma aos adeptos que pretendiam o virar de uma página.
Ainda assim, será a consagração do seu trabalho e da equipa por si escolhida, que determinará o sucesso da sua Presidência e o erigir do Boavista. Ultrapassada que está a época eleitoral, é tempo da união de todos à volta da nossa equipa e direcção para juntos ultrapassarmos todas as adversidades que nos serão colocadas até ao final da época. Porque a nós nunca nos ofereceram nada, não será em 2019 que o farão!
Os meus votos de um extraordinário ano de 2019 para todos os adeptos de futebol em Portugal e, em especial, para os adeptos do Boavista Futebol Clube.